Desvendando mitos e verdades sobre os medicamentos antidepressivos
A decisão de iniciar um tratamento farmacológico para a saúde mental é, muitas vezes, acompanhada de dúvidas e receios legítimos. Entre eles, um dos mais frequentes e angustiantes é o medo de perder a essência: “Os antidepressivos podem mudar a minha personalidade?”.
Esse medo é alimentado tanto por desinformação quanto pelos estigmas que pairam as doenças mentais, bem como as distorções de percepção de nós mesmos causadas pela doença mental.
No entanto, a resposta direta e baseada em evidências científicas é tranquilizadora: Não, os antidepressivos não mudam a sua personalidade.
O que são os antidepressivos e para que servem?
Antidepressivos são uma classe de medicamentos psicotrópicos desenvolvidos para tratar transtornos mentais como depressão, transtornos de ansiedade, TOC, transtorno do pânico, entre outros. Seu mecanismo de ação central se dá no sistema nervoso central, atuando no reequilíbrio dos neurotransmissores, que são as substâncias químicas responsáveis pela comunicação entre os neurônios, influenciando diretamente nosso humor, energia, sono, motivação e capacidade de sentir prazer.
Ao contrário do senso equivocado de que os antidepressivos “deixam a pessoa dopada” ou que “mudam a percepção de quem sou”, eles têm um objetivo bem definido: reduzir sintomas incapacitantes que distorcem o funcionamento emocional e comportamental, permitindo que o paciente retome seu equilíbrio e sua vitalidade.
O Grande Mito: personalidade não é sintoma
A crença de que antidepressivos mudam quem você é nasce da compreensão equivocada de como esses medicamentos atuam.
E o que a ciência diz:
Foco nos Neurotransmissores, Não no Caráter: Antidepressivos, como os Inibidores Seletivos da Recaptação de Serotonina (ISRSs) e outros, atuam no reequilíbrio dos neurotransmissores (Serotonina, Noradrenalina, Dopamina) no cérebro. Eles são desenvolvidos para mitigar os sintomas debilitantes de um transtorno (depressão, ansiedade, TOC), e não para reescrever seus traços de caráter, valores morais, senso de humor ou suas memórias.
Personalidade é Estável: A personalidade é um conjunto de traços relativamente estáveis que definem quem você é. Ela é moldada pela genética, experiências de vida e ambiente. Um medicamento psiquiátrico não tem o poder de alterar essa estrutura fundamental.
A “mudança” que muitos percebem
Se antidepressivos não mudam a personalidade, por que tantas pessoas descrevem sentir-se “diferentes” ao iniciar o tratamento?
A resposta é simples: a doença mental mascara quem você é.
Sintomas como:
- irritabilidade;
- anedonia (incapacidade de sentir prazer);
- pessimismo constante;
- fadiga extrema;
- isolamento social;
ruminação excessiva;
criam um estado psicológico que impede a expressão da sua identidade verdadeira.
Quando o antidepressivo começa a agir reduz esses sintomas. Com isso, o que volta à tona não é uma “nova personalidade”, mas sim o que a doença havia mascarado: energia, interesse, leveza, humor, iniciativa, prazer e conexão social.
Não é transformação, é recuperação.
A abordagem integrada: medicação + terapia
A ciência é categórica: a combinação entre tratamento psicofarmacológico e psicoterapia oferece os resultados mais consistentes.
Enquanto o antidepressivo reequilibra a biologia cerebral, a terapia auxilia a:
- desenvolver mecanismos de enfrentamento;
- compreender emoções e gatilhos;
- reconstruir áreas da vida afetadas pela doença;
- fortalecer sua identidade e autonomia.
No nosso perfil do instagram @apice.clinica o médico psiquiatra Francisco Medauar da unidade Apice Day falou um pouco sobre esse mito acerca dos antidepressivos na quadro Apice Explica, confira:
https://www.instagram.com/reel/DQuqhv2DxWm/?igsh=NDE2bXE0bnV5emFz
Se você ainda tem dúvidas ou receios sobre iniciar o tratamento, converse com um profissional. Na Apice você encontra cuidado integrado, com equipe transdisciplinar e que acredita todos os dias que a vida pode ser melhor!
