Curso teórico-prático de psiquiatria intervencionista em neuromodulação e novas abordagens psiquiátricas
A Apice, em uma iniciativa do Instituto Apice com o setor Procedimentos, realizou, nos dias 13 e 14 de novembro de 2025, o Curso Teórico-Prático de Psiquiatria Intervencionista em Neuromodulação e Novas Abordagens Psiquiátricas, reunindo médicos psiquiatras para uma imersão completa nos principais procedimentos utilizados no tratamento de transtornos mentais resistentes.
O curso foi ministrado pelas médicas psiquiatras de referência na psiquiatria intervencionista, as doutoras Adriana Casé, Lara Ferreira e Larissa Damasceno. Os participantes contaram com atividades práticas na Apice In e Apice Day, além de aulas teóricas no Instituto Apice, reforçando o compromisso institucional de Excelência com Ciência e Inovar com Responsabilidade, pilares que direcionam a atuação da Apice em todos os seus modelos de cuidado.
Psiquiatria Intervencionista: uma nova fronteira no cuidado em saúde mental
A psiquiatria intervencionista é a abordagem psiquiátrica que associa múltiplos procedimentos técnicos no tratamento de condições de saúde mental que apresentam resistência às formas terapêuticas psicofarmacológicas tradicionais. Devido às altas taxas de não respostas clínicas dos psicofármacos que foram observadas, muitos avanços surgiram na área dos tratamentos biológicos e procedimentais da psiquiatria intervencionista, como a eletroconvulsoterapia, a estimulação magnética transcraniana, a estimulação cerebral por corrente elétrica e infusão de cetamina com o objetivo de tratar transtornos mentais. Todas essas abordagens seguem rigorosamente os princípios da prática baseada em evidências científicas, garantindo segurança, eficácia e resultados consistentes.
A coordenadora médica de procedimentos da Apice, Dra. Adriana Casé, explica que a realização do curso surgiu da demanda crescente de médicos interessados em formação técnica atualizada e de pacientes que buscam o cuidado de referência que a Apice se orgulha em ter:
“Os médicos buscavam atualização e domínio técnico; os pacientes buscavam a excelência no cuidado. Foi dessa união de demandas que surgiu o curso, estruturado para formar profissionais capazes de aplicar intervenções modernas com rigor científico e prática clínica.”
Neuromodulação: modulando circuitos cerebrais para restaurar equilíbrio
As técnicas de Neuromodulação apresentadas no percurso do curso são caras à psiquiatria intervencionista. Entende-se estas enquanto um conjunto de técnicas que utilizam estímulos elétricos e magnéticos para modular o funcionamento neuronal, ou seja, métodos terapêuticos que alteram as atividades do sistema nervoso e aliviam diversos tipos de sintomas.
A psiquiatra Dra. Larissa Damasceno, membro da equipe de psiquiatria intervencionista da Apice, destaca que essas técnicas estimulam a regulação de áreas cerebrais que se apresentam hipo ou hiperativadas, restabelecendo seu equilíbrio.
Os participantes vivenciaram tanto a prática de Estimulação Magnética Transcraniana (EMT), com medição da touca, definição do limiar motor e simulação de protocolos, quanto a prática de Eletroconvulsoterapia (ECT), observando procedimentos reais e toda a preparação anestésica e clínica.
A revolução silenciosa da psiquiatria: Cetamina e novas perspectivas terapêuticas
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a depressão é a doença mental de maior prevalência no mundo, somente no Brasil cerca de 5,8% da população (dados do relatório de 2018) vive com depressão. Um estudo epidemiológico do Ministério da Saúde apontou que 15,5% dos brasileiros já sofreram de depressão ao menos uma vez ao longo da vida.
Por décadas a depressão vem sendo tratada a partir da teoria das monoaminas, que caracteriza a doença como uma diminuição dos neurotransmissores monoaminérgicos, como a serotonina, noradrenalina e dopamina. Dessa forma, a psicofarmacologia sintetizou diversas moléculas ao longo dos últimos anos, cujo principal mecanismo de ação é aumentar o tônus monoaminérgico, principalmente por meio da inibição da recaptação ou inibição da degradação dessas monoaminas na fenda sináptica, aumentando consequentemente a disponibilidade dos neurotransmissores fundamentais para regulação emocional. Esses fármacos existem há mais de 60 anos e ainda são amplamente utilizados.
No entanto, lacunas no tratamento da depressão, como os altos índices de ausência de resposta clínica ao tratamento com os antidepressivos tradicionais persistiram, o que impulsionou investigações de novas alternativas terapêuticas. A médica psiquiatra Dra. Lara Ferreira vem se dedicando ao estudo e aplicação clínica de uma das principais e mais promissoras ferramentas que surgiram com esse intuito, o que ela chama de “Revolução Silenciosa da Psiquiatria”: a aplicação de Cetamina endovenosa.
“A Cetamina redefiniu tudo aquilo que se entende por Neurobiologia da Depressão. É uma das ferramentas mais promissoras de tratamento desde a sua descoberta.”
O módulo ministrado pela Dra. Lara contou com o aprofundamento na teoria, a partir do estudo da trajetória e evidências científicas atuais da molécula cetamina, além da prática de aplicação real dessa ferramenta.
Integração entre teoria, prática e reflexão clínica
Durante os dois dias de curso, os médicos ainda participaram de:
- discussões comparativas entre ECT, EMT e Cetamina;
- debates sobre personalização terapêutica;
- análise de casos reais;
- aplicações das metodologias;
- reflexões sobre indicações, protocolos e combinações terapêuticas.
Essa integração fortaleceu o raciocínio clínico e ampliou a compreensão dos médicos sobre as possibilidades da psiquiatria intervencionista no cuidado de casos complexos.
Cuidar é transformar. E transformar exige conhecimento.
A imersão em Psiquiatria Intervencionista representa mais um passo da Apice na promoção de tratamentos modernos, eficazes e humanizados.
Seguimos aprendendo, compartilhando e evoluindo, porque acreditamos que a vida sempre pode ser melhor.
